sexta-feira

Animais expiatórios


(cogitações animalescas sobre possível comportamento humano)


O animal não tinha feito mal algum, mas acabava por carregar a culpa de todo aquele povo.
Era um ritual religioso. Purificação da nação. O bode sorteado era lançado sozinho ao deserto, carregando os pecados de todo o Israel. Era então o "bode expiatório", porque expiava, purificava, tirava os pecados dos judeus.
Mais tarde, curiosamente, o bode expiatório "virou-se contra" os judeus e estes passaram a ser o bode expiatório da peste negra na idade média, o bode expiatório na Alemanha e de tantas outras situações.

Tão actual como o fenómeno do bode expiatório é um grupo de fenómenos na área da saúde que têm também como ponto de contacto o reino animal. Refiro-me ao HIV-sida, à gripe das aves e à recente gripe A.
São fenómenos que aparentemente (não) sabemos como surgiram, onde, quando e porquê.
Mas certo mesmo é que o bode já não é o único animal expiatório do Homem.
Isto porque para o HIV-sida, a culpa é do macaco. Para a gripe das aves, a culpa é carregada pela galinha selvagem e para a gripe A, a culpa vai inteirinha para um porco.

Mas o Homem tem alguma culpa nisto?
Não seria mais lógico ser um macaco no seu laboratório a criar o HIV-sida ou um porco mexicano a inventar a gripe A?

O bode expiatório originalmente fazia parte de um ritual religioso.
O macaco, a galinha e o porco fazem parte do ritual... económico.
Como? Se alguém quer ganhar muito dinheiro tem de provocar uma crise e encontrar um bode expiatório, seja ele o sistema financeiro, o Sr. judeu X, o macaco, o porco ou os restantes animais do zodíaco chinês.
Depois disso sabe-se que a crise vai pedir uma mudança ao sistema.
A chave para ganhar dinheiro está na resposta à crise, nessa mudança que se quer e que é favorável para quem planeou essa crise (instrumental).
E como espectadores, para compreender o porquê da crise temos que ver a resposta que se dá a ela. Aí é que vamos encontrar os culpados a encher os bolsos de dinheiro e a ocuparem os novos lugares de poder.

Por isso não me estranham estas crises financeiras, gripe A, etc.
Por isso não me esqueço que o macaco foi lançado sozinho ao deserto carregando, por exemplo, a culpa daqueles que levaram a industria do HIV-sida para África e que têm estado a receber avultadas somas dos emprestimos contraídos pelos países daquele continente na luta contra esta pandemia.

(ver este interessante artigo http://www.elmundo.es/2001/03/11/opinion/966488.html ).

A galinha selvagem foi lançada sozinha ao deserto carregando a culpa daqueles que têm interesses na venda de fármacos.
O porco também foi lançado sozinho ao deserto carregando a culpa daqueles que têm interesses nesta pandemia.

(veja o artigo http://dn.sapo.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=1350801&seccao=Europa ).

Mas eu acredito que mais tarde ou mais cedo, tal como aconteceu com o bode, o macaco expiatório, a galinha expiatória e o porco expiatório vão se virar contra os verdadeiros culpados.

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